sábado, 22 de janeiro de 2011

Corpos Mutantes

Corpos Mutantes






COUTO Edvaldo Souza (Org.); GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

 
  A seguir, estão postados quatro comentários de alguns textos do referido livro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O corpo e a expressão videográfica: a videoinstalação como estratégia corporal


Danilo Silva Barata



O autor analisa neste texto, o corpo, suas inscrições e seus acontecimentos (cargas sociais, econômicas e históricas), tendo como pano de fundo, as apresentações do corpo na arte videográfica, discutindo a estética e as imposições corpóreas promovidas pela moda e publicidade. Os padrões estéticos ditados pelo mundo fashion influenciam não só o modo de vestir, mas também na construção social do corpo.  Ou seja, esses padrões levam às pessoas a busca da construção de uma imagem perfeita/ideal, impulsionada pela sociedade do consumo que seduz o individuo a “comprar” um corpo físico perfeito através de cirurgias plásticas, introdução de próteses de silicone e lipoaspiração. Concluindo-se que o ideal de beleza não é mais eterno, modifica-se a cada semana.
 Os ideais de beleza são determinados através das telas de cinema e TV, neste contexto o corpo absorveu um aspecto camaleônico, através das intervenções cirúrgicas e determinados atributos como: beleza, vigor, juventude, incompletude e inquietações. Mostram que podemos disfarçar as inscrições dos acontecimentos na superfície da pele, mas por trás do aparente, dentro de nós, estão todas as marcas, sofrimentos e alegrias perdidos, imperfeições e incompletudes que traduzem o que somos. (Couto, 2003)

O corpo é uma fonte inquietante e transversal de comunicação, sendo palco de apresentações e de celebrações na cultura ocidental, ampliando o sentido do fazer artístico e trabalhando potencialidades dos novos meios.








Corpus ex machina: contatos imediatos porque mediados


Maria Ambrosina de Oliveira Vargas

Dagmar Elisabeth Estermann Meyer


As autoras apresentam neste texto o processo de “ciborguização da enfermeira” no contexto da terapia intensiva, atendendo PCR (parada cardiorespiratória) . A enfermeira intensivista é uma profissional habilitada e com uma visão high-tech do corpo – uma visão que concebe esse corpo, entre outras coisas,como um condutor ampliado de informação conectado a um complexo sistema computacional.

Este corpo está conectado a máquina transmitindo imagens ao monitor, que são lidas e interpretadas pela enfermeira intensivista, que são usuárias de um programa de computador que estabelecem contatos mediados e imediatos pelas tecnologias da informação. Neste cenário, a ciborguização da enfermeira diz respeito ao estabelecimento ou produção de novas relações entre conteúdo e informação, esta profissional está conectada a tríade: computador- profissionais- equipamentos.

As enfermeiras tecnologicamente mediadas ou desenvolvendo ações tecnologicamente potencializadas ampliam sentidos: escutam,olham,deslocam-se e pensam com e através das máquinas. Para finalizar cabe-nos refletir e reconhecer o quanto nós humanos estamos nos tornando parecidos com as máquinas, causando-nos assombro. As autoras mostram que este assombro inserido no processo de desconstrução “da” verdade hegemônica , pode nos permitir um confronto com outros tipos de verdade e, com isso, possibilitar-nos outros modos de experienciar o ser e o viver.







Corpos amputados e protetizados: “naturalizando” novas formas de habitar o corpo na contemporaneidade


         Luciana Laureano Paiva



O presente texto trata da modificação sofrida pelo corpo após uma amputação, como o individuo se vê e é visto pelo outro como um texto a ser lido e interpretado, e como o corpo é uma superfície de inscrição das experiências vivenciadas em cada etapa da vida.


Os nossos corpos são continuamente transformados pelas experiências que vivenciamos, ele é o nosso ponto de partida e chegada , o nosso principal refúgio.( Cardoso Jr.,2002). Podemos então dizer que, em nosso corpo guardamos nossas vivências individuais e coletivas, promovendo mudanças internas e externas, oriundas de vários fatores, alguns inerentes ao envelhecimento ,outros por opção ( como o desejo de mudar: intervenções cirúrgicas,etc) para aumentar o seu “ prazo de validade”.

“Perder” uma parte do corpo numa sociedade que privilegia a eficiência e o dinamismo, significa perder também a normalidade.Como nosso corpo é a nossa principal referência para construirmos nossa identidade, a amputação ocasiona a morte simbólica de um estilo de vida , de uma forma de ser e de uma identidade. Tornar-se amputado é sustentar um corpo diferente da maioria, da representação corporal tida como normal.

Usar uma prótese significa deixar seu corpo entrar em contato com outro corpo, transpor seu limite corporal e experienciar vivências novas, transformando a imagem corporal de si e do outro, proporcionada pela intimidade com a máquina. A mixagem entre o orgânico e o artificial é uma nova possibilidade de ressignificar a “morte” de uma parte do corpo e de um estilo de vida para renascer numa nova configuração corporal.

 
 

  A performance do hibrido: corpo,deficiência e potencialização


Varlei de Souza Novaes


Esse texto analisa a performance dos corpos dos atletas portadores de deficiência física que utilizam como prótese a cadeira de rodas, potencializando seus usos. Esses atletas são sujeitos de corpos recortados,que durante a atividade esportiva, são mediados de tal forma pela tecnologia que editam a reconstrução potencializada de suas funções na busca pela superação de seus limites, onde em alguns momentos confundem-se o humano e a máquina.


A partir da necessidade de sobrevivência, o atleta portador de deficiência resignifica seu corpo hibrido, investindo nas possibilidades e apropriações tecnológicas potencializadoras, adaptando as rotinas de sua existência.


 








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