terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Educação e mídia: a realidade educacional

De repente, a constatação. A mídia atua fortemente em todos os setores da sociedade, influencia na formação biopsicossocial dos indivíduos, ou seja, a mídia tem grande alcance e atuação importante na elaboração de opiniões, de comportamentos e porque não dizer, na formação dos indivíduos contemporâneos. Em seu livro Tecnologia e Educação: as mídias na pratica docente (2008), Freire afirma que, na contemporaneidade, vivemos com clareza e predominância da mídia nas atividades socioculturais. A mídia tem presença marcante no trabalho, na vida diária e no entretenimento, com um poder de sedução, muitas vezes difícil de gerar resistência aos seus apelos.

Hoje, na era da informação e comunicação, dos apelos consumistas e regulação da vida dos indivíduos por meios da mídia e da moda, cabe-me perguntar: é possível ulizar a comunicação midiática na escola para auxiliar na formação infanto-juvenil do consumo consciente e analise das informações veiculadas pela midia? A discussão torna-se ainda mais ampla quando lemos as palavras de Petermann (2006), que afirma: a publicidade é uma prática social persuasiva, que busca o condicionamento do homem a um determinado fazer, organiza seus textos principalmente através de imagens, de sons e de textos, entre os quais circulam sentidos determinados. Assim, que podemos dizer que o texto publicitário é formulado a partir de textos verbais (escritos ou falados) e não-verbais (imagens, sons, cheiros, texturas), sendo que tal característica permite que seja considerado como um texto multimodal (Kress e van Leeuwen, 1996), que combina diferentes códigos semióticos. De forma geral, é possível inferir, de acordo com os autores citados acima, que toda comunicação social é multimodal: uma combinação de gestos, falas, cores, cheiros e posturas.

Os elementos para analisar, questionar e refletir sobre este assunto são amplos e devem ser delimitados pela escola, para junto com os educando em sala de aula e sua familia proporem uma mudança de comportamento. Para que esta discussão ocorra no âmbito educacional e social é necessário, superar a concepção de sermos apenas consumidores da mídia e sim entendê-las como fruto de uma produção social. O uso que pode ser dado a essas tecnologias vai depender do tipo de sociedade que temos e, principalmente, do tipo de sociedade que queremos. Na escola pode representar um movimento ímpar, uma vez que ao pensarmos na redução das distâncias estamos pensando na possibilidade de construir o que Pierre Lévy chama de Inteligente Coletivo. Escolas que tenham uma maior integração com outras escolas e com o mundo contemporâneo. Escolas que tenham dentro de suas propostas pedagógicas uma inserção maior no mundo da mídia. Aqui também num duplo sentido: de um lado, com a presença de programas, emissões, emissoras e todas as fontes possíveis de informação. De outro, como possibilidade de efetivamente produzir. Como a possibilidade de fazer de cada espaço escolar um espaço de produção coletiva e, principalmente, de emissão de significados (Pretto, 2006).

Nesta perspectiva de fazer o espaço escolar em um espaço de produção coletiva, é preciso, segundo Elizabeth Dantas, discutir com as crianças e jovens os apelos midiáticos e sua influência negativa em suas vidas, ajudando-lhes a diferenciar o real vivenciado por cada um em sua família, da “realidade virtual” criada pelo mundo da publicidade. A família, também é convidada a participar da discussão quando as relações e comportamentos sociais as crianças e jovens é afetado diretamente pelos aspectos negativos da mídia, destacam-se: o bullying, a obesidade e erotização infantil, consumo, egoísmo, o ter para ser aceito no grupo e violência.

A educação deve buscar ressignificar os movimentos comunicativos inspirados na linguagem do mercado da produção de bens culturais, para que possamos através do poder da comunidade, exercicer a cidadania, utilizando os recursos tecnológicos e técnicas comunicativas para a transformação social, a aprendizagem e reelaboração de conceitos e comportamentos sociais. E você caro leitor o que acha?



REFERÊNCIAS

BONILLA, Maria Helena. A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX. In: PRETTO, Nelson De Luca.Tecnologias e novas educações. Salvador : EDUFBA, 2005. p. 70-81

LÉVY, Pierre. O que é virtual? Trad. Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1996. 160p.

___________.  Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.260p.


PETERMANN, Juliana. Imagens na publicidade: significações e persuasão. In: UNIrevista - Vol. 1, n° 3: (julho 2006)

PRETTO, Nelson De Luca. Linguagens e Tecnologias na Educação. In Cultura, linguagem e subjetividade no ensinar e aprender, organizado por Vera Candau, pela DP&A, paginas161-182.

SÁ, M. R. G. B.; TOURINHO, M. A. C.; FAGUNDES, N. C. As crises do conhecimento científico e a práxis pedagógica. Noésis, Salvador-Ba, v. 1, n. 1, p. 9-17.

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